segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Saudade

Eu deixo a porta da cozinha aberta. É pra você entrar. Puxo a cadeira e sei que você também perdeu. A cozinha tem essa luz embaciada e algumas sombras engraçadas. Ouço o som da luz fluorescente, do motor da geladeira e alguém cantarolando no apartamento ao lado. O cigarro queima e todo o apartamento parece me expulsar para antes de tudo. Eu fico acuada enquanto te aguardo. A porta semi-aberta. Outro cigarro e nem gosto tanto de fumar. Talvez eu coloque água no fogo e te sirva um café. Posso deixar uma música tocando na sala. Alguma coisa que nos traga de volta. Eu ainda não entendo que há outra vida além daquela. Não fui à manicure e me arrependo. Gosto quando é vermelho. Veja bem, queria ter essa conversa melhor. Mas tenho de ser honesta: Não consigo. Apenas os signos e as palavaras mais que dispersas: Assim como o vento, o afogado, o perdido, o sentenciado.

então eu digo sobre o buraco,
sobre pessoas estranhas que não entendem
juventude equivocada
pouco tempo para apenas um
tanta história e um só momento

e eu ainda sinto a sua falta

Um comentário:

R. Paschoal disse...

Saudade anda lado a lado com a angustia. Pior ainda quando se tempera com ansiedade. Mas verdade seja dita: também gosto quando é vermelho.

[ ]'s

R.